sábado, 24 de março de 2007

O PARDAL PIMPINELO



Olá!
Sou o Pardal Pimpinelo
E decerto o mais feliz
de quantos vivem por cá.
É que a filha do Juiz
a Laurinha do "mau pelo"
que é boa como não há
trepa ao muro do quintal
como qualquer rapazola
e coloca lá no alto
um tacho velho, cheiínho
de comida prós pardais;
Mas não é tudo, há mais...
acolhe os gatos vadios
e os rafeiros de ninguém
limpa e trata as suas feridas
dá-lhes comida também.
Mas aqui pró Pimpinelo
o tratamento é melhor
porque a Laurinha "mau pelo"
a filha do sôr Doutor
sente um carinho maior
cá por este pardalito.
É que um dia, 'inda novito
ao pegar na migalhinha
que a mãe trazia no bico
estiquei-me e catrapus
esborrachei-me no chão;
Pensei que ia morrer!
Mas a Laurinha, então
cuidou de mim a valar.
E tratou-me com tal arte
e desvelo, que agora
a voar ou a correr
eu ando por toda a parte
com a minha salvadora.
Recebo da sua mão
as migalhinhas de pão
e um carinho de mãe
por isso vejam lá bem
se eu preciso de mais;
Sou dela e de mais ninguém
e o mais feliz dos pardais!...


Maria Mamede
(do livro "Coisas para os meus netos")

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