terça-feira, 10 de julho de 2007






Chamam-lhe

polinização,

apenas beijos

de uma borboleta

de flor em flor.



Gundula Steglitz
(Fernando Pessoa escreveu "A Vénus de Milo é tão bela como o binómio de
Newton")

MATEMÁTICA (também) é poesia visual
Mas, isto é simples e, portanto, tem beleza.
A Maravilha do NÚMERO, essa fabulosa criação do humano, não é ?


1 x 8 + 1 = 9
12 x 8 + 2 = 98
123 x 8 + 3 = 987
1234 x 8 + 4 = 9876
12345 x 8 + 5 = 98765
123456 x 8 + 6 = 987654
1234567 x 8 + 7 = 9876543
12345678 x 8 + 8 = 98765432
123456789 x 8 + 9 = 987654321

1 x 9 + 2 = 11
12 x 9 + 3 = 111
123 x 9 + 4 = 1111
1234 x 9 + 5 = 11111
12345 x 9 + 6 = 111111
123456 x 9 + 7 = 1111111
1234567 x 9 + 8 = 11111111
12345678 x 9 + 9 = 111111111
123456789 x 9 +10= 1111111111

9 x 9 + 7 = 88
98 x 9 + 6 = 888
987 x 9 + 5 = 8888
9876 x 9 + 4 = 88888
98765 x 9 + 3 = 888888
987654 x 9 + 2 = 8888888
9876543 x 9 + 1 = 88888888
98765432 x 9 + 0 = 888888888

Agora, a simetria:

1 x 1 = 1
11 x 11 = 121
111 x 111 = 12321
1111 x 1111 = 1234321
11111 x 11111 = 123454321
111111 x 111111 = 12345654321
1111111 x 1111111 = 1234567654321
11111111 x 11111111 = 123456787654321
111111111 x 111111111=12345678987654321
COMO ELES PODERÃO SER AGORA




Recebi da Teresa

Divulgue.
Obrigada.

Mais informaçoes actualizadas no Orkut
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=33762032

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Os olhos das Crianças








Atrás dos muros altos com garrafas partidas
bem para trás das grades do silêncio imposto
as crianças de olhos de espanto e de medo transidas
as crianças vendidas alugadas perseguidas
olham os poetas com lágrimas no rosto.

Olham os poetas as crianças das vielas
mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas
o que elas pedem é que gritem por elas
as crianças sem livros sem ternura sem janelas
as crianças dos versos que são como pedradas.


Sidónio Muralha

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Quando eu partir daqui







Quando eu partir daqui, quero deixar atrás de mim um mundo muito mais rico, por tudo aquilo que eu vivi e experimentei nesta vida.

Quero que as criaturas da terra - os animais e os pássaros - fiquem um pouco menos receosas dos seres humanos, por me terem conhecido, porque eu os abençoei e os amei e, longe de lhes causar qualquer dano, fiz-lhes sempre bem.

Quero deixar as árvores a sussurrarem com os meus pensamentos, árvores que me ouviram falar com elas quando estávamos sozinhos, árvores que, um dia, muito depois do meu corpo desaparecer possam, de qualquer forma misteriosa, transmitir às outras árvores o seu secreto conhecimento de mim, de modo que as pessoas que forem abrigar-se da chuva, ou procurem a sombra debaixo dos seus ramos, possam receber a paz que saíu de mim.

Quero deixar o todo da Natureza mais perto do todo do homem. Quero armazenar riquezas no vento, e deixar bençãos a viajar para além das estrelas. Quero deixar a minha paz no campo relvado. Quero que as lágrimas que derramei por causa de um grande amor voltem a espalhar-se pelo orvalho. Quero deixar a Natureza mais rica por me ter conhecido.

Quero deixar o meu semelhante mais seguro de que há um Deus que olha pelos seus objectivos. Quero deixá-lo com uma visão mais alargada e um maior sentido da sua finalidade na vida. Quero deixá-lo com o conhecimento de que a morte não é nada e a vida é tudo.

Quando partir daqui, quero deixar atrás de mim um sentido de Deus muito mais profundo.


Derek Neville

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Quando damos







Quando damos, recebemos de facto em troca, devido à maneira como a energia interage no universo.

("A profecia celestina" de James Redfield)

mafalda veiga cada lugar teu ao vivo

segunda-feira, 2 de julho de 2007

FALA DO SOLDADO










Roubam-nos o tempo,
o corpo
o nome.

Somos carne ou pouco mais que carne,
uma placa ao pescoço, uma inscrição, um número.

Vamos
a marchar
seguindo
através das navalhas da noite
sem olhar para o lado.

Roubam-nos os olhos,
fazem-nos dizer adeus
à casa, aos filhos, à mulher,
à própria carne.

Somos carne ou pouco mais que carne,
somos lixo.

Vamos
sem olhar o norte,
o sul,
a estrela da manhã.
Vamos
sem saber em que comarca
do medo nos enterram.
Vamos
vazios de desejos ou cantigas,
com a cabeça a estalar
e uma dor mineral a tocar tambor
em cada osso.

Somos carne ou pouco mais que carne,
pétalas negras, pássaros com farpas
de cristal na carne.

Mas são as botas que nos doem mais.
As botas
e também atrás da nuca.

E assim seguimos cumprindo um destino
de agulhas de metal,
ou melhor,
limpando o terreno,
quer dizer,
matando, mutilando, espalhando braços e pernas
por toda a extensão da paisagem,
fazendo
com que as botas nos fiquem cada vez mais
apertadas.

Somos carne ou pouco mais que carne.
E um dia havemos de explodir
em todas as direcções.

E nem os terapeutas da fala
nos podem impedir de fazer chover o nosso grito
sobre os pálidos telhados da cidade.




("Linha da frente", José Fanha e José Jorge Letria, Ed. Ausência)

Olhares...









De novas mãos precisamos para novos gestos.