terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Quando... de Antonio Castel Branco





Quando o tempo parece acabar,

a esperança fugir,

o medo dominar...

Quando o bem parece esconder-se,

a guerra alastrar,

a ignomínia vencer...

Quando a tristeza te sufoca,

os soluços te emudecem,

as lágrimas te querem afogar...

Quando te questionas,

de tudo já duvidas,

só ouves lamuriar...

Quando pareces carregar

todo o mundo às costas...

Quando te encontras só,

prestes a desesperar,

sem ser já capaz de sonhar...

Quando pareces já ter olvidado

a doce sensação de sorrir

e o calor de receber um sorriso...

Quando teu céu

permanece nublado,

sem réstias de luz...

Quando tua alma desespera

nos caminhos tortuosos

em busca da perfeição...

Quando teu ser estremece

de raiva surda e contida

ante tanta podridão...

Quando queres desistir,

deixar de te preocupar,

deixar de viver...

vegetar...



Procura uma criança...

Penetra no seu olhar...

E de pronto sentes

a esperança renascer,

o teu rosto sorrir,

a alma aquecer.

Pois nesse olhar descobres

o bem, a paz, o amor

que no mundo alastrará...

Olhar profundo...

triste, medroso, ardente...

revelando a todos nós,

a todos que querem ver,

o caminho, o rumo...

da tolerância...

da amizade...

da solidariedade...

da paz.

E imerso nesse olhar

renascerás...

reaprendeste a viver!


Sintra, 03/10/2006

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