quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007




Denise Casatti *

Viagem compensadora
Ah, e quantas cenas maravilhosas eu já vi... Descobri que saborear um doce traz uma alegria espontânea às pessoas. Você não pode imaginar cada expressão linda que surge de um rosto quando prova uma pazinha.

E, veja bem, eu nunca gastei um centavo com propaganda. Mas o que já veio de jornalistas e repórteres na minha barraca não tá escrito! E eu não teria dinheiro para pagar nem um segundo na televisão, mas a coisa acontece.

Assim, vem sempre pessoas de outros países aqui e eu trato com muito amor. Não sou poliglota, mas sei que carinho, amor e respeito todo ser humano tem direito e é uma linguagem universal, não importa se é alemão, argentino, americano, francês, etc. Um dia veio um grupo de americanos e bateu no meu coração que eu deveria mostrar para eles o que é o Brasil. Peguei cocada, coloquei por debaixo da pazinha, botei goiaba em cima e, por último, salpiquei paçoquinha de amendoim. Enchi umas três, quatro pazinhas e falei: experimentem! Você tinha que ver aqueles rostos! Os olhinhos brilhavam e eu falei: vão aprendendo o que é Brasil!

Aí, no final do ano passado, aconteceu uma cena belíssima. Chegou um casal mais ou menos da minha idade e mostraram um livro para mim e diziam, com muita dificuldade:

- Oooobeeeen...

Então, o homem colocou o livro nas minhas mãos e eu vi que era o guia turístico de Paris. Aí eu pedi para uma pessoa que sabia traduzir francês ler aquele trecho para mim:

- Quando estiver em São Paulo, vá, no sábado, na praça Benedito Calixto, e visite a feira de artes, cultura e lazer. Não se esqueça de ir à barraca de doces do Obeny.

Eu achei aquilo tão bonito! Meu Deus do céu! Como isso foi parar em Paris? Eu não fui à França fazer propaganda. Aí eu vi que você colhe na vida o que planta!

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