quinta-feira, 3 de maio de 2007

Favela















Favela
Jorge Linhaça
Arandú, 5 /12/2006

Por entre os becos e vielas caminho,
barracos de madeira ou alvenaria,
aqui ninguém vive ou está sozinho,
na favela também há tristeza e alegria.

Solidariedade aquí nunca falta,
sempre alguém ajuda alguém,
enquanto muita gente da "alta"
só ajuda quando lhes convém.

Aqui tem muito ser trabalhador,
lutando pelo pão de cada dia,
mesmo que passe pelo dissabor,
de encontrar a panela às vezes vazia.

São seres humanos aglomerados,
focos de última resistência social,
não são guerrilheiros nem soldados,
mas são gente de muito cabedal.

Sobreviventes a uma sociedade,
que não lhes deu outra alternativa,
do que tomar posse de uma herdade,
que para muitos é até repulsiva.

Mas se alguns poucos tem de sobra,
muitos são os que pouco tem,
num mundo onde vivem as cobras,
os pobres são tratados com desdém.

Há quem diga que os favelados,
são preguiçosos e improdutivos,
ralé, escória, despreparados,
e muitos outros maus adjetivos.

Mas enquanto os luxos consomem,
fecham os olhos para as mazelas,
não tiram a favela dos homens,
muito menos os homens da favela.


Dá para pensar um pouco, não?
Docenuvem

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